domingo, 14 de outubro de 2007

Candeia

Candeia (Antônio Candeia Filho), compositor, cantor e instrumentista, nasceu no Rio de Janeiro (RJ) em 17/8/1935 e faleceu em 16/11/1978. O pai era tipógrafo e sambista, tocava flauta, gostava muito de chorinho e foi o criador das “comissões de frente” (grupo de representantes da diretoria da escola de samba) que saíam nos desfiles carnavalescos.
Começou a freqüentar as rodas de samba aos seis anos, participando também, mais tarde, das reuniões na casa de dona Ester, ponto de encontro de sambistas, no subúrbio de Osvaldo Cruz, onde conheceu Zé da Zilda, Luperce Miranda e Claudionor Cruz. Tocava violão e cavaquinho, jogava capoeira e costumava freqüentar terreiros de candomblé. Como membro da escola de samba Vai Como Pode, participou do núcleo original de sambistas que fundou a G.R.E.S. da Portela.
Em 1953 compôs seu primeiro samba-enredo para a nova escola, Seis datas magnas (com Altair Marinho), que conseguiu a nota máxima do júri do desfile, caso até então inédito. Na década de 1950, foi ainda o compositor de dois sambas-enredo que deram à Portela um terceiro e um primeiro lugares, respectivamente: Festas juninas em fevereiro, em 1955, e Legados de Dom João VI, em 1957 (ambos com Valdir 59).
Dirigiu o conjunto Mensageiros do Samba, no início da década de 1960, realizando as primeiras apresentações do grupo, fora do morro, no restaurante Zicartola, e gravando também um LP na Philips. Em 1961 ingressou na polícia, mas foi obrigado a se afastar logo por causa de um tiro na espinha que o deixou paralítico. Passando a andar em cadeira de rodas, compôs com Paulinho da Viola Minhas madrugadas, música gravada por este cantor em 1966.
Estreou como intérprete gravando um LP pela Equipe, em 1970, ano em que o conjunto Nosso Samba lançou em disco o seu Dia de graça. Ainda em 1970, Clementina de Jesus incluiu no seu LP três composições suas, feitas em parceria com Davi do Pandeiro: Vai de saudade, Os partideiros e A paz no coração. Um ano depois, Paulinho da Viola gravou Filosofia do samba e Clara Nunes, Anjo moreno e Seriorerê. Lançou ainda dois LPs Seguinte.., raiz, com as composições: A hora e a vez do samba e Vai pro lado de lá (com Euclenes) e Roda de samba nr. 2, pela CID, com a música Acalentava.
Muito respeitado por sua firme posição em favor do negro, em 1975 deixou a Portela e criou o Grêmio Recreativo de Arte Negra Escola de Samba Quilombo, do qual foi o primeiro presidente. Publicou com Isnard Escola de samba, a árvore que esqueceu a raiz, Ed. Lidador/SEEC, Rio de Janeiro, 1978.
Morreu no dia em que iria acertar os últimos detalhes do lançamento do LP Axé, pela gravadora WEA, o segundo nessa gravadora e o sétimo de sua carreira. Em 1987 foi publicado o livro Candeia: luz da inspiração, de João Batista M. Vargens, Martins Fontes/Funarte, col. MPB, vol. 20, Rio de Janeiro, 1987.

Obras: Filosofia do samba, 1971; A flor e o samba, samba, 1969; Meu dinheiro não dá (c/Catoni), 1971; Minhas madrugadas (c/Paulinho da Viola), 1966; Seis datas magnas (c/Altair Marinho), samba-enredo, 1953.

CDs: Candeia, Aniceto do Império, Mestre Marçal e Velha Guarda da Portela, 1997, Funarte/Atração Fonográfica ATR 32025 (Série Acervo Funarte de Música Brasileira, n 21); Filosofia do samba, 1997, ABW 99812; Samba da antiga, 1997, Copacabana 99814.
Fonte: Dicionário da Música Brasileira - Art Editora - PubliFolha.

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