terça-feira, 14 de agosto de 2007

Nem ouro nem prata

Nascido e criado numa fazenda em Paraíba do Sul (RJ), Rui Maurity tem sua obra marcada por músicas ligadas ao interior e à natureza, o que também acontece com o parceiro José Jorge Miquinioty, de Araçatuba (SP). Em meados dos anos setenta Rui, que já havia participado de vários festivais universitários e gravado três elepês, passou a freqüentar como mero expectador terreiros de macumba no subúrbio de Jacarepaguá. Na ocasião, sentiu-se tão impressionado com as melodias de alguns pontos, que pediu e conseguiu autorização para aproveitá-las em novas composições.

Foi assim que nasceram “Xangô Vencedor”, “Quizumba de Rei” e o grande sucesso “Nem Ouro Nem Prata”, cuja primeira parte inteira pertence a um desses pontos: “Eu vi chover eu vi relampear / mas mesmo assim o céu estava azul / samborepemba folha de Jurema / Oxossi reina de norte a sul...” Este refrão seria complementado por urna segunda parte de Rui (“Ser brasileira, faceira, mestiça, mulata, não tem ouro nem prata...”).

Lançada num compacto simples, a música teve tamanho sucesso, que provocou a feitura de seu quarto elepê, dominado por essa fase afro-mística, porém episódica em sua obra. A vertente dos pontos de macumba na música brasileira tem na figura do cantor e compositor J. B. de Carvalho (João Paulo Batista de Carvalho) o seu principal cultor, salientando-se ainda como a grande intérprete estilizada do gênero a cantora Clara Nunes (A Canção no Tempo – Vol. 2 – Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello – Editora 34).

Nem ouro nem prata (1976) - Rui Maurity e José Jorge

Introd:  Dm  Am  Bb  E7  Am 
E7        Am         E7   Am
Eu vi chover eu vi relampiar
A7 Dm
Mas mesmo assim o céu estava azul
E7 Am
Samborepemba folha de jurema
Dm E7 Am E7
Oxóssi reina de norte a sul (bis)
 Am                                  Dm
Sou brasileira faceira mestiça ou mulata
E7
Não tem ouro nem prata
Am E7
O samba que sangra do meu coração
Am Dm
Tua menina de cor pedaço de bom caminho
Am
Entrei no teu passo malandra
E7 Am E7
Eu não sou como a tal Conceição
Am Dm
Chega de tanto exaltar essa tal de saudade
E7
Meu caboclo moreno mulato amuleto
Am A7
No nosso Brasil
Dm                                Am
Olha meu preto bonito te quero prometo
Bb
Te gosto pra sempre do samba canção
E7 Am
Ao primeiro apito do ano dois mil (bis)

Um comentário:

  1. Parabéns pela brilhante postagens. Com esses verdadeiros clássicos da MPB. obrigada por compartilhar conosco seus arquivos com a história de nossa música.

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