sexta-feira, 21 de julho de 2006

Canto de Ossanha

Um dos melhores e mais conhecidos dos afro-sambas, “Canto de Ossanha” deve muito de seu sucesso à interpretação empolgante que lhe deu Elis Regina nas diversas vezes que o apresentou em “O Fino da Bossa”.

Aliás, a letra de “Canto de Ossanha” foi concluída num ensaio do programa, conforme relembrou Elis numa entrevista radiofônica (“Programa do Zuza”, Rádio Jovem Pan, 17.5.78): “Eu me lembro nitidamente de ‘Canto de Ossanha’: a letra tinha acabado de ficar pronta, Vinícius estava sentado num banquinho, Baden no outro, eu no meio e o papel na frente pra gente cantar a primeira vez.”

Obedecendo ao esquema de outros afros, “Canto de Ossanha” os supera na melodia expressiva de Baden e no poema ambíguo de Vinicius que, segundo ele mesmo (no encarte do elepê Os afro-sambas), “faz refletir e trata, sem hesitar, de problemas da vida e do amor” (“... o homem que diz ‘sou’ não é / porque quem é mesmo é ‘não sou’...”). Já a divindade que lhe inspirou o nome pouco ou nada tem a ver com a letra.

Ossanha (também Ossaim, Ossonhe ou Ossamin) é o orixá das folhas litúrgicas e medicinais. É também adivinho na África, sendo sincretizado no Brasil com São Benedito. Em alguns candomblés foi transformado em orixá feminino e sincretizado com a Caipora, de nossa mitologia indígena (A Canção no Tempo – Vol. 2 – Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello – Editora 34).

Canto de Ossanha (samba, 1966) - Baden Powell / Vinícius de Moraes

Cm7                       D7/9
O homem que diz "dou" não dá,
C#7/9 Cm7
porque quem dá mesmo não diz
D#7/9 D7/9
O homem que diz "vou" não vai,
C#7/9 Cm7
porque quando foi já não quis
D#7/9 D7/9
O homem que diz "sou" não é,
C#7/9 Cm7
porque quem é mesmo é "não sou"
D#7/9 D7/9
O homem que diz "tô" não tá,
C#7/9 Cm7
porque ninguém tá quando quer
            D#7/9    D7/9              C#7/9      Cm7
Coitado do homem que cai no canto de Ossanha, traidor
D#7/9 D7/9 C#7/9 Cm7
Coitado do homem que vai atrás de mandinga de amor
           D#7/9       D7/9
Vai, vai, vai, vai, não vou
D#7/9 D7/9
Vai, vai, vai, vai, não vou
D#7/9 D7/9
Vai, vai, vai, vai, não vou
C#7/9 C
Vai, vai, vai, vai, não vou
                       Em5-/7      Am7          Dm7
Que eu não sou ninguém de ir em conversa de esquecer
D7/9 G7
A tristeza de um amor que passou
C Em5-/7 Am7 Em7
Não, eu só vou se for pra ver uma estrela aparecer
G7 Cm7
Na manhã de um novo amor
               C#7/9                      Cm7
Amigo senhor, saravá, Xangô me mandou lhe dizer
D#7/9 D7/9
Se é canto de Ossanha, não vá,
C#7/9 Cm7
que muito vai se arrepender
D#7/9 D7/9 C#7/9 Cm7
Pergunte ao seu Orixá, o amor só é bom se doer
D#7/9 D7/9 C#7/9 Cm7
Pergunte ao seu Orixá o amor só é bom se doer
                     D7/9
Vai, vai, vai, vai, amar
C#7/9 Cm7
Vai, vai, vai, sofrer
D7/9
Vai, vai, vai, vai, chorar
C
Vai, vai, vai, dizer
                         Em5-/7    Am7          Dm7
Que eu não sou ninguém de ir em conversa de esquecer
D7/9 G7
A tristeza de um amor que passou
C Em5-/7 Am7 Dm7
Não, eu só vou se for pra ver uma estrela aparecer
G7 Cm7
Na manhã de um novo amor

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