segunda-feira, 5 de junho de 2006

Opinião

Além do título de uma peça que, como foi dito, reuniu no palco Nara Leão, Zé Kéti e João do Vale, o samba “Opinião” inspirou os nomes de um jornal, de um teatro, do grupo que encenou a peça e do segundo elepê de Nara, lançado no final de 64.

Simbolizando uma resistência ao processo de remoção de favelas, que então executava o governo do Estado da Guanabara, “Opinião” é uma canção de protesto explícito (“Podem me prender / podem me bater / podem até deixar-me sem comer / que eu não mudo de opinião / daqui do morro eu não saio não...”), que, cantada numa época de forte repressão, funcionou como desafio à ditadura vigente.

Daí a razão do sucesso da composição e do musical, que instituiu um esquema de contestação ao regime, logo adotado por diversos grupos. Ano de prestígio máximo de Zé Keti 1965 foi marcado ainda pelos sucessos de seus sambas “Malvadeza Durão”, “Nega Dina” e “Acender as Velas” (A Canção no Tempo – Vol. 2 – Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello – Editora 34).

Opinião (samba, 1965) - Zé Keti

Podem me prender
Podem me bater
Podem, até deixar-me sem comer
Que eu não mudo de opinião
Daqui do morro
Eu não saio, não

Se não tem água
Eu furo um poço
Se não tem carne
Eu compro um osso
E ponho na sopa
E deixa andar


Fale de mim quem quiser falar
Aqui eu não pago aluguel
Se eu morrer amanhã, seu doutor
Estou pertinho do céu

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