segunda-feira, 5 de junho de 2006

Marcha da quarta-feira de cinzas

Composta antes de 1964, a “Marcha da Quarta-Feira de Cinzas” é assim uma espécie de protesto premonitório contra a realidade imposta pela ditadura militar. Pertence àquela fase inicial do CPC em que Carlos Lyra, como já foi dito, incorpora à sua obra uma temática político-nacionalista, tendo sido feita no mesmo dia em que ele e Vinícius haviam concluído o “Hino da UNE” (“De pé a jovem guarda / a classe estudantil / sempre na vanguarda / trabalha pelo Brasil...”).

Mas, com sua mensagem disfarçada no lirismo melancólico de uma marcha-rancho, a composição pode ser considerada um belo exemplar do gênero música de protesto: “Acabou nosso carnaval / ninguém ouve cantar canções / ninguém passa mais brincando feliz / e nos corações / saudades e cinzas foi o que restou...” A passagem com o acorde de sétima maior de dó antecedendo a frase “e no entanto é preciso

Carlos Lyra
cantar”, após a pungente primeira parte, cria um momento mágico, na medida em que envolve a platéia inteira e a faz cantar suavemente embalada por um simples violão.

Um clássico de seu tempo, a “Marcha da Quarta-Feira de Cinzas” é uma daquelas raras canções capazes de encerrar com elevada dose de emoção um espetáculo musical. Embora consagrada pela voz de Nara Leão, teve sua gravação inicial por Jorge Goulart em fevereiro de 63 (A Canção no Tempo – Vol. 2 – Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello – Editora 34).

Marcha de quarta-feira de cinzas (marcha-rancho, 1963) - Carlos Lyra e Vinícius de Moraes
INTROD: Gm  D#5-/6  D7  Gm  D#5-/6  D7  

Gm7 D#5-/6 D7
Acabou nosso carnaval
Gm7 D#5-/6
Ninguém ouve cantar canções
D7 Bm7 Bm5-/7
Ninguém passa mais brincando feliz
E7 A7/13
E nos corações
Am7(b5) D7(b9) Gm7 Am4/7 D7(#9)
Saudades e cinzas foi o que restou

Gm7 D#5-/6
Pelas ruas o que se vê
D7 Gm7 D#5-/6
É uma gente que nem se vê
D7 Bm7 Bm5-/7
Que nem se sorri, se beija e se abraça
E7 A7/13
E sai caminhando
Am7(b5) D7(b9) Gm7 Dm7 G#°(b13)
Dançando e cantando cantigas de amor

C7M Cm6
E no entanto é preciso cantar
G/B A7 Em7
Mais que nunca é preciso cantar
A7/13 A7(#5) A7 Am7(b5) D#5-/6 D7
É preci....so cantar e alegrar a cida.......de

Gm7 D#5-/6
A tristeza que a gente tem
Gm7 D#5-/6
Qualquer dia vai se acabar
D7 Bm7 Bm5-/7
Todos vão sorrir, voltou a esperança
E7 A7/13
É o povo que dança
Am7(b5) D7(b9) Gm7 Dm7 G#°(b13)
Contente da vida, feliz a cantar

C7M Cm6
Porque são tantas coisas azuis
G/B Em7
E há tão grandes promessas de luz
A7/13 A7(#5) A7
Tanto amor para amar
Am7(b5) D7
De que agente nem sa.......be

Gm7 D#5-/6 D7
Quem me dera viver pra ver
Gm7 D#5-/6
E brincar outros carnavais
D7 Bm7 Bm5-/7
Com a beleza dos velhos carnavais
E7 A7/13
Que marchas tão lindas
Am7(b5) D7(b9) Gm7
E o povo cantando seu canto de paz
Am7(b5) D7(b9) Gm7
Seu canto de paz

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