José Ribamar Ferreira |
Ferreira Gullar (José Ribamar Ferreira), poeta, crítico, letrista e teatrólogo, nasceu em São Luís, Maranhão, em 10/9/1930. Com uma poesia de cunho social tornou-se um dos mais importantes poetas brasileiros surgidos após o movimento modernista (1922).
O quarto dos 11 filhos do comerciante Newton Ferreira e de Alzira Ribeiro Goulart, foi educado em um colégio católico de São Luís. Entrou pra a Escola Técnica de São Luís (1943) e a partir de sua primeira paixonite, aos treze anos, decidiu ficar recluso dentro de casa lendo e escrevendo poemas.
Ao ganhar (1945) um concurso de redação sobre o Dia do Trabalho, em sua escola, resolveu que se tornaria um escritor. Conseguiu publicar em um jornal seu soneto O trabalho (1947) e, no ano seguinte (1948) passou a colaborar no suplemento literário do Diário de São Luís. Com o apoio do Centro Cultural Gonçalves Dias e com recursos próprios, conseguiu publicar a coletânea Um pouco acima do chão (1949), seu primeiro livro, e foi premiado em um concurso de poesia promovido pelo Jornal de Letras (1950) e mudou-se para o Rio de Janeiro.
Publicou A luta corporal (1954), obra considerada precursora do movimento paulista de poesia concreta. Com Poemas (1958) mostrou-se neoconcretista e liderou o movimento no âmbito carioca, com a publicação do ensaio-manifesto Teoria do não-objeto (1959).
Encerrou a fase formalista (1961) e aderiu à poesia politicamente engajada do movimento Violão de Rua, do Centro Popular de Cultura, o CPC da União Nacional dos Estudantes, a UNE, do qual era presidente quando sobreveio o golpe militar (1964) e em dezembro (1968), após assinado o Ato Institucional nº 5 ele foi preso.
Após um longo período vivendo na clandestinidade, parte para o exílio (1971) , primeiro em Moscou e depois em Santiago, Lima e Buenos Aires. Enquanto morava fora do país, colabora para O Pasquim, Opinião e outros jornais usando o pseudônimo de Frederico Marques. Absolvido (1974) pelo Supremo Tribunal Federal da acusação de pertencer ao Comitê Cultural do Partido Comunista Brasileiro, continua refugiado em Buenos Aires para não ser preso no Brasil. A editora Civilização Brasileira publicou Poema sujo (1976), lançado no Rio ainda sem sua presença.
No ano seguinte voltou ao Brasil, mas foi preso no dia seguinte pelo Departamento de Polícia Política e Social, o famigerado ex-Dops, onde foi interrogado e ameaçado durante 72 horas, mas graças ao esforço de amigos, consegue ser libertado e, aos poucos, retomou seu trabalho no país.
Pela primeira vez, um livro seu foi traduzido e publicado em outro idioma: La lucha corporal y otros incendios, em Caracas. Gravou um disco, Antologia poética de Ferreira Gullar pela Som Livre (1979), mesmo ano em que estreou Um rubi no umbigo, primeira peça que escreveu individualmente, começou a trabalhar no núcleo de teledramaturgia da Rede Globo e ganha o prêmio Personalidade Literária do Ano, da Câmara Brasileira do Livro.
Foi nomeado (1992) pelo presidente Itamar Franco diretor do Instituto Brasileiro de Arte e Cultura, o Ibac, e permaneceu no cargo por mais de três anos (1992-1995), período suficiente para devolver à instituição seu antigo nome, Funarte.
Ganhou muitos prêmios literários e foi eleito o Homem de Idéias do ano pelo Jornal do Brasil (2004). Outros destaques em sua obra foram Dentro da noite veloz (1975), com poemas escritos nos últimos 13 anos (1961-1974), Na vertigem do dia (1980), Sobre arte (1984), Etapas da arte contemporânea (1985), Barulhos (1987) e Indagações de hoje (1989).
Para o palco, escreveu Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come (1966), com Oduvaldo Viana Filho, com a qual e ganhou o Molière, o Saci e outros prêmios, A saída? Onde fica a saída? (1967) em parceria com Antônio Carlos Fontoura e Armando Costa, e Dr. Getúlio, sua vida e sua glória (1968), com Dias Gomes, todas encenadas no Rio de Janeiro, pelo Grupo Opinião.
Como ensaísta, suas principais obras são Vanguarda e subdesenvolvimento (1969) e Uma luz no chão (1978).
Fontes: Net Saber - Biografias; Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha - 2a. Edição - 1998.
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