Sertaneja - Catulo da Paixão Cearense e Ernesto Nazareth
Sestrosa, dengosa
Derriçosa, odorosa flor
Maldosa, formosa
Sertaneja, meu lindo amor!
Anjinho, benzinho
Meu carinho, meu beija-flor
Condena sem pena
Que minh’alma te adora o rigor
Quando tu passas na orla do monte
Caminho da fonte, da tarde ao morrer
Meu pranto rola por sobre a viola
Que a noite consola no seu gemer
Provocante, radiante
Fascinante, ondulante
Num teu fado ritmado
Tu nos fazes até chorar
Logo a gente, a gente sente
Uns desejos dos teus beijos
Uns desejos dos teus beijos
Que até nos fazem delirar
Ingrata, ingrata
Volve a mim um teu doce olhar
Teu riso me mata
Me maltrata, me faz banzar
Desata, desata
Esse olhar do meu coração
Ingrata, ingrata
Suspirosa irerê do sertão
Também se passas
Formosa e tirana
Por minha choupana
Da tarde ao cair
Vou te seguindo
Na estrada arenosa
Qual rola saudosa
A carpir, carpir
Na dança deslizas
E assim pisas mil corações
Teu peito é o leito
Doce leito das tentações
Teus olhos, teus olhos
Vaga-lumes de ingratidões
Teus olhos, teus olhos
Os queixumes das nossas paixões
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