A letra de “Como Dois Animais” foi usada por Alceu Valença duas vezes. A primeira foi num frevo de Zé da Flauta, um dos músicos que atuou em seu grupo anos seguidos. Gravado pela cantora Teca Calazans, que estabeleceu sua carreira na França, o frevo não fez sucesso. Tempos depois, os versos, que celebram a realização de um romance desigual por meio de uma alegoria — tendo como personagens uma onça-pintada e um cachorro vagabundo —, reapareceriam na forma desta toada, que Alceu lançou no elepê Cavalo de pau: “Uma moça bonita / de olhar agateado / deixou em pedaços o meu coração / uma onça pintada / e seu tiro certeiro / deixou os meus nervos / de aço no chão...”
Sua interpretação sensual, mais a introdução de contrabaixo de Jorge Degas e o arranjo de Jaques Morelenbaum (combinando saxofone e violoncelo num timbre peculiar) resultaram numa sonoridade bluesy, que aproxima a obra de Alceu ao pop, sem tirar-lhe as raízes pernambucanas. Este álbum, com apenas oito faixas, alcançou vendagem superior a meio milhão de cópias, consolidando em termos nacionais a carreira de Alceu Valença (A Canção no Tempo – Vol. 2 – Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello – Editora 34).
Como dois animais (1982) - Alceu Valença
E Bm E D E
Uma moça bonita de olhar agateado
Bm E D E Bm E D
Deixou em pedaços meu coração
E Bm E D E
Uma onça pintada e seu tiro certeiro
Bm E D E Bm E D
Deixou os meus nervos de aço no chão
E C#m G#m C#m G#m C#m G#m
Foi mistério e segredo e muito mais
C#m G#m C#m G#m C#m G#m
Foi divino brinquedo e muito mais
E D A E Bm E D
Se amar como dois animais
E Bm E D E
Meu olhar vagabundo de cachorro vadio
Bm E D E Bm E D
Olhava a pintada e ela estava no cio
E Bm E D E
Era um cão vagabundo e uma onça pintada
Bm E D E Bm E D E
Se amando na praça como os animais
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