Quando Sinhô compôs a canção-tango A cocaína em 1923 (Só o vício me traz / cabisbaixa me faz / reduz-me a pequenina / quando não tenho à mão / a forte cocaína / quando junto de mim / ingerida em porção / sinto só sensação / alivia-me as dores / neste meu coração), e Francisco Mignone a sua valsa Coca em 1930, não estavam exaltando nada proibido, na época e aqui no Brasil.
A droga era vendida em farmácias, como elixir para "os males do espírito", como nos reclames da época. Felizmente foi descoberto o grande estrago que a cocaína causa, que antes era encarada como um "divertido elixir" (fonte: Sinhô, o rei do Samba; Letras que falam de drogas - Samba & Choro).
A cocaína (canção-tango, 1923) - Sinhô
Só o vício me traz / Cabisbaixa me faz
Reduz-me a pequenina / Quando não tenho à mão
A forte cocaína.
Quando junto de mim / Ingerida em porção
Sinto só sensação / Alivia-me as dores
Neste meu coração.
Ai, ai és a gota orvalina / Só tu és minha vida
Só tu ó cocaína. / Ai, ai mas que amor purpurina
É o vício arrogante / De tomar cocaína.
Sinto tal comoção / Que não sei explicar
A minha sensação / Louca chego a ficar
Quando a sinto faltar.
Esse sal ruidoso / Que a mim só traz gozo
Somente de olhar / E para esquecer
Eu começo a beber.
Quando estou cabisbaixa / Chorando sentida
Meio entrestecida / É que o vício da vida
Torna a alma perdida.
Louca hás de voltar / Vendo-me estrangular
Para o vício afogar / Neste toque fugaz
Que me há de findar.
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