Até o final dos anos cinqüenta, havia em nossa música popular cantores ecléticos, que gravavam para todos os gostos, dos mais refinados aos menos exigentes. Foi nessa ocasião que começaram a surgir os primeiros especialistas num tipo de música popularesca, de sentimentalismo exagerado que, tempos depois, passou a ser rotulada de brega-romântico.
Entre eles salientou-se a figura do pernambucano José Adauto Michiles, que com o nome artístico de Orlando Dias tornou-se um dos mais populares cantores bregas de sua geração. Com voz, físico e postura cênica ideais para o gênero — canto
emocionado, mímica espalhafatosa, roupas em desalinho —, Orlando apresentava-se em toda parte, vendendo aos milhares discos em que interpretava composições como “Tenho Ciúme de Tudo” — “Sou louco por ti / eu sofro por ti / te amo em segredo (...) Tenho ciúme do sol, do luar, do mar / tenho ciúme de tudo” — e num rompante: “tenho ciúme até da roupa que tu vestes...”.
Um dos quinze ou vinte boleros que Valdir Rocha fez para o seu repertório, “Tenho Ciúme de Tudo” era o carro-chefe de Orlando Dias em 1961 (A Canção no Tempo - Vol. 2 - Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello - Editora 34).
Tenho ciúme de tudo (bolero, 1961) - Valdir Rocha
F Dm
Tu és a criatura mais linda
Gm
Que os meus olhos já viram
C7
Tu tens a boca mais linda
F
Que a minha boca beijou
F Dm
São meus os teus lábios esses lábios
Gm
Que os meus desejos mataram
C7
São minhas as tuas mãos essas mãos
F Dm
Que as minhas mãos apagaram
Gm
Sou louco por ti
C7
Eu sofro por ti
F
Te amo em segredo
Gm
Adoro teu corpo divino
C7
Que pelas mãos do destino
F
A mim tu viestes
Dm Gm C7
Tenho ciúme do sol, do luar e do mar
F
Tenho ciúme de tudo
Dm Gm C7
Tenho ciúme até da roupa
F C F
Que tu vestes.
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