Lançado em agosto de 37, "Não Tenho Lágrimas" agradou de saída, estendendo seu sucesso ao carnaval seguinte, quando foi um dos sambas vencedores. Segundo se comentou no meio musical da época, este samba teria estribilho de Max Bulhões e segunda parte de Wilson Batista. Mílton de Oliveira entrara no lugar de Wilson por ter conseguido a gravação. Como "indenização", Bulhões teria pagado trinta mil-réis a Wilson.
Igual a tantas outras, esta é apenas mais uma história de venda de samba, que ficou no disse-me-disse, sem comprovação. A verdade, porém, é que "Não Tenho Lágrimas" (também chamado de "Quero Chorar") permaneceu e tornou-se um clássico. Gravado despretensiosamente no original pelo cantor e professor de violão Patrício Teixeira, possui extensa discografia que inclui intérpretes internacionais como Xavier Cugat e Nat "King" Cole. Nat o gravou em 1959 no elepê A Mis Amigos, com o título de "Come to Mardi Gras", graças à beleza de sua melodia.
Teoricamente, os últimos quatro compassos do estribilho ("Só porque não sei chorar / eu vivo triste a sofrer" ) parecem um rabicho colado ao tema principal. Na prática, a despeito de aumentarem para vinte os tradicionais 16 compassos, esses últimos quatro compassos são um fecho "tipo breque" de tal originalidade que dispensariam até a segunda parte, menos criativa.
Não tenho lágrimas (samba, 1937) - Max Bulhões e Mílton de Oliveira
G D7 G
Quero chorar...não tenho lágrimas/ Que me rolem na face
D7 B7 Em
Pra me proteger / Se eu chorasse / Talvez desabafasse
A7 D A7 D7
O que sinto no peito / Eu não posso dizer
G
Só porque não sei chorar / Eu vivo triste a sofrer
D7 G
Estou certo que o riso não tem nenhum valor
B7 Em
A lágrima sentida é o retrato de uma dor
C D7 G
O destino assim quis / De mim te separar
E7 A7 D7 G
Quero chorar não posso / Vivo a implorar
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